quinta-feira, 23 de maio de 2019

Guerrilheira

O capim seco e alto, um amarronzado infinito, arranhava rostos e braços. O medo os comia por dentro. O mesmo medo que os fazia aguentar aqueles lanhos na carne, o sangue secando sobre a pele dolorida, a fome a deixá-los cada vez mais bambos. Quando a noite chegou só havia o céu muito negro e bilhões de estrelas a cobri-los. Vamos nos deitar nesta picada – um dos meninos quase implorou. Beto a puxou contra seu corpo, enquanto os outros se acomodavam por ali. Sentiu sua ereção nas costas. Como ele podia querer sexo? Seu irmão havia sido preso e só Deus sabia o que lhe fariam. Com a língua, ele lhe acariciou o rosto. Apertou mais seu corpo no dela. Não sabemos o que vai nos acontecer amanhã – ele sussurrou no seu ouvido, arrepiando-a. Foi um sexo desesperado, com gosto de rio sujo. Descobriu depois. Eram suas lágrimas fazendo-lhe lama no rosto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ao acaso

O vinho escorre por entre seus seios: fio comprido, cor de âmbar, forma poça entre os pelos. A boca do homem, beira a vulva à espera – l...